quinta-feira, 12 de maio de 2011

Não se fazem mais hereges como antigamente




Não se fazem mais hereges como antigamente. Pode parecer um absurdo o que vou dizer agora, mas é a mais pura e cândida verdade: os hereges de hoje não têm mais a mesma hombridade que tinham os velhos arqui-inimigos da ortodoxia cristã. O mais engraçado é que não estou dizendo nenhuma novidade. No início do século XX, G. K. Chesterton já ironizava a picaretagem dessa figura surtada e carismática do neo-herege. Se não me falhe a memória, esse admirável inglês fanfarrão certa vez disse algo mais ou menos assim:

No passado, o herege se orgulhava de não ser herege. Ou seja, ele odiava ser taxado de herege. Na verdade, gabava-se de ser um ortodoxo legítimo, pois tinha a convicção de estar certo em sua compreensão doutrinária. Nenhuma tortura, por mais cruenta que fosse, poderia fazê-lo admitir que era um herege. Mas infelizmente um novo mundo surgiu, e com ele veio o neo-herege: uma personagem excêntrica, que vive dizendo, com distribuição aleatória de sorrisos, “Sou o herege da vez!”, e, é claro, sempre correndo os olhos à procura dos aplausos e bajulações. Assim, nessa atual conjuntura, a palavra “heresia” não somente significa estar provavelmente certo como praticamente agrega os qualificativos de lucidez e coragem a essa figura um tanto curiosa do neo-herege. Por incrível que pareça, nesse novo contexto, a palavra “ortodoxia” não só deixa de significar “estar certo”, mas denota justamente o contrário: os ortodoxos estão sempre errados.

Pois é, pessoal, não se fazem mais hereges como Berengário de Tours, Pedro de Bruis, Pedro Abelardo, Arnaldo de Brescia, Pedro Valdo e outros tantos “digníssimos” hereges do medievo escolástico. Talvez seja esse o motivo que explica a saudade que sinto dos hereges do século XI e XII, quando leio os hereges de hoje, sabe?! Tá certo que é uma saudade um tanto mórbida, concedo, mas você há de convir comigo que é de certa forma uma saudade justificável, principalmente, quando vemos os neo-hereges defendendo o ateísmo de forma “capital” e, ao mesmo tempo, se autoafirmando como pastores.

Pastores hereges. Que contradição dos termos, meu Deus! O pior é que, como não bastasse o ateísmo pastoral, ainda temos de ouvir que “a decadência do protestantismo na Europa, na verdade, é a realização do próprio protestantismo, i.e., a consumação do ideal protestante é o esvaziamento de suas próprias igrejas”. É o fim da picada! Ou seja, o objetivo do protestantismo é tornar os cristãos cidadãos cada vez mais cidadãos, menos preocupados com a ortodoxia cristã e cada vez mais preocupados com a questão dos direitos humanos, da dignidade humana e do meio ambiente (como se essas coisas fossem antitéticas!). E o pior, meus caros, é que o marco final dessa pseudoevolução protestante atinge o clímax com a pretensa alforria dos cristãos, i.e., a “desigrejação” dos que são oprimidos pelo Deus títere e infantilizador da ortodoxia protestante.

Quanta péssima heresia, Senhor! Perdoe-os, ó Pai santo, porque já não sabem mais fazer heresias como antigamente!

Por Jonas Madureira
Título original: Pastores Hereges
Jonas Madureira é teólogo, filósofo, editor de Ediçoes Vida Nova e pastor da Igreja Batista Fonte de Sicar

quarta-feira, 16 de março de 2011

A verdade sobre o “suposto” avivamento das igrejas evangélicas no Brasil

Recentemente, tem se falado sobre o reavivamento no Brasil, visto a explosão demográfica da população evangélica, estimada em 57,4 milhões para este ano de 2011 de acordo com recente estimativa da Missão Internacional Servindo aos Pastores e Líderes (SEPAL).

O Reverendo Hernandes Dias Lopes, apresentador de programa na TV Presbiteriana do Brasil sobre o “reavivamento e o sepultamento,” disse em entrevista ao The Christian Post, hoje, que não acredita que a explosão do crescimento da Igreja evangélica do Brasil seja um sinal de um reavivamento espiritual.

“A explosão de crescimento numérico da Igreja brasileira tem muito a ver com um evangelho que eu chamaria de um evangelho híbrido, sincrético, com práticas completamente estranhas à palavra de Deus,” afirmou ele.

E adicionou “Um evangelho voltado apenas para a questão da prosperidade, para a questão das curas, o evangelho focado e centrado no homem.”

Para ele, as pessoas estão procurando “aquilo que funciona,” “aquilo que o povo gosta” e não procurando “aquilo que glorifica a Deus.”

“Esse crescimento tem extensão mas não tem profundidade.”

Luis André Bruneto, missionário da SEPAL, que anunciou em estudo realizado em 2010, a projeção para a população evangélica chegará a 109,3 milhões em 2020, seguindo uma taxa de crescimento anual de 7,42%.

Apesar dessas estimativas, o pesquisador da SEPAL também não acredita que esteja acontecendo um reavivamento, caracterizado por profundas mudanças na sociedade.

Entretanto, para muitos isso pode se tratar de um reavivamento da Igreja brasileira. Teólogos e antropólogos ouvidos pela conhecida revista brasileira éPOCA em 2010, disseram que a população evangélica, a partir do crescimento numérico, contribuirá para a diminuição no consumo do álcool, o aumento da escolaridade e a diminuição no número de lares desfeitos.

Alguns motivos de porque a Igreja brasileira está crescendo tanto, o Bruneto listou, “o evangelismo aguerrido dos evangélicos, a adoção de regras menos rígidas, a ampliação da visão da vida cristã para dentro da sociedade, a flexibilidade dos costumes e o aumento da classe média.”

O Reverendo Hernandes explicou que o reavivamento se expressa pelo arrependimento do pecado, pela sede de santidade, pela volta à Escritura, pela volta à oração, à evangelização.”

“Quando a Igreja se volta para Deus não por aquilo que Deus dá, mas por aquilo que Deus é, é aí que a Igreja experimenta um reavivamento.”

Na opinião do Reverendo, a Igreja evangélica brasileira precisa passar por uma reforma, voltando-se para as escrituras, tendo “os mesmos valores e princípios que inspiraram a reforma do século 16, ou seja, só a escritura, só a graça, só a Cristo, só a Deus a glória.”

O Reverendo alertou que essa mudança começa pelos pastores, dizendo “o reavivamento começa nos púlpitos e não nos bancos … Porque se os pastores forem inflamados pelo reavivamento espiritual eles serão então esses instrumentos de Deus para atear este fogo também nos crentes.”

A história da Igreja evangélica brasileira, segundo Johnny Torralbo Bernardo, apologista fundador do Instituto de Pesquisas Religiosas do Brasil (INPR) apresenta o surgimento da força evangélica nacional através das Igrejas pentecostais, com a Assembléia de Deus fundada por Daniel Berg e Gunnar Vingren, vindos dos EUA, em princípios do século 20.

“Foi a primeira onda do pentecostalismo brasileiro,” informou Bernardo ao The Christian Post.

Em seguida, o Brasil viria a ser tomado por uma onda de “neopentecostalismo,” com as principais denominações do país tais como a Igreja Internacional da Graça de Deus (com mais de 2.000 igrejas em todo o mundo sem informações do número de fiéis no país) e a Igreja Apostólica Renascer em Cristo (com cerca de 120.000 fiéis no país).

O apologista citou o método de “Igrejas em células” advindo da Igreja coreana Full Gospel Church, na Coreia do Sul que foi implantado no país. Assim de pouco menos de 20 membros hoje há Igrejas que contabilizam uma média de cinco a seis mil crentes que frequentam os cultos regularmente, no Brasil.


Fonte: GNotícias

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

'Deus nos Livre de um Brasil Evangélico'


Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.

O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

Soli Deo Gloria
Ricardo Gondim

Pastor Ricardo Gondim é um dos mais renomados teólogos brasileiros, presidente da Assembléia de Deus Betesda e requisitado conferencista. Apresenta o Programa "Reflexões" na Rádio AM Nova Difusora é colunista de vários veículos de comunicação e autor premiado de vários livros

sábado, 25 de dezembro de 2010

José, o herói esquecido do Natal


Após a figura de Jesus, primeiro e maior exemplo, Maria é, geralmente, o centro das atenções no teatro da escola da Natividade, mas Iain Duncan Smith diz que a sociedade e a igreja fariam bem em prestar mais atenção a José.

Escrevendo no jornal Daily Mail de ontem (22), o MP Tory disse que José foi o “herói esquecido” da história do nascimento de Cristo.

O exemplo dado por José sempre em pé ao lado de Maria , disse ele, é “uma mensagem muito clara e importante para o nosso próprio tempo”, em que gerações de jovens estão crescendo sem referências paternas.

Duncan Smith disse que a sociedade parecia ter esquecido o importante papel desempenhado pelos pais, de prover abrigo, segurança, educação, apoio e não só colocar comida na mesa, para incentivar e apoiar os seus filhos.

“Trata-se de uma das melhores referências masculinas que um homem pode ter”, disse ele.

Duncan Smith apontou ainda a falência da figura paterna numa família como motivo para níveis elevados de absentismo, comportamento anti-social, delinquência juvenil, formação de gangues de rua, gravidez na adolescência, dependência de drogas e tantas outras mazelas sociais.

“José não era um pai ausente, ele estava lá, com Maria e com Jesus. Identifico a importância deste na história de Cristo e digo o quanto tem faltado verdadeiros exemplos de dedicação abnegada e empenho que deve ressoar até hoje “, conclui.

Ele elogiou José por sua “coragem e honra” na luta para encontrar alojamento para a sua esposa grávida e proteger sua família dos soldados de Herodes.
“Algumas crianças hoje podem perguntar: onde estão os homens de coragem e honra de hoje?”


Fonte: CPAD News / Gospel+