quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ah, os profetas... Tristes Profetas!



E
les já
tiveram status de primeira grandeza na Bíblia; não andavam de automóveis último tipo e não possuíam grandes aeronaves (como alguns nossos contemporâneos). Caminhavam com passos cansados. Uns eram medrosos , outros, tão angustiados que se escondiam em cavernas... Porém, todos, tinham algo em comum, eram genuínos, autênticos. Nem precisava se auto-proclamarem profetas, pois tal qualidade lhes era tão peculiar que 'saltava aos olhos'. Primavam pela humildade ao invés da arrogância. De fato eram apenas instrumento d'Ele.

Hoje também há profetas (dizem), mas quem sabe? Quem atirará a primeira pedra? Profetas profanadores... alquimistas da palavra não escrita.

Há profetas...? Homens que se vestem de santidade - profetas boquirrotos. Pilhadores da fé alheia, depenadores de incautos, incultos.

Profetas...? Jogando as suas redes e recolhendo-as cheias - não de peixes, tampouco de almas, como Pedro. Mas cheias de sonhos. Sonhos das pobres criaturas que se enredaram nas 'malhas', seduzidas pela volúpia do 'espírito' fácil, convencidas pela garantia do 'escambo' da bênção.

Profetas gritadores, gritalhões; plantadores de verbos malfeitos, advérbios imperfeitos, substantivos nada substanciais.

Eles sobejam, bafejam 'anjos' , trafegam pelas vias celestiais do inusitado, trazendo para a espantada plateia a cura - cura pelo vento: vento de doutrina, de falsos ensinamentos. Eles curam! Curam? Sim, eles curam doenças imaginárias - imaginadas por eles. Enfermidades subjetivas, que se encontram no recôndito invisível das entranhas: veias entupidas, rins 'estragados', vesículas carcomidas, cânceres não diagnosticados. Curam tudo...

Eles libertam... de todos os demônios: do colesterol, do álcool, da prostituição, da depressão, da loucura, do triglicérides, do ácido úrico. Amarram, expelem, algemam, prendem. Não, não prendem. Eles dialogam com as entidades, num clima de quase respeito, quase camaradagem, velhos conhecidos...

Os profetas fazem tudo: pregam (histrionicamente) , ministram (insanamente), derrubam (espantosamente) e gritam (insistentemente).

Só lhes falta uma única qualidade, uma somente: eles desconhecem a Graça, como dom gratuito do Soberano Deus. Se esqueceram do Cordeiro, oferecido em holocausto como propiciação pelos nossos pecados. Assim, eles vendem a ideia da salvação ministrada por eles, porque eles são o canal, eles intermediam, eles fazem e eles acontecem.

Pobres profetas...


Por Ricardo Mamedes
Fonte: Púlpito Cristão

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Não ser perfeito não me impede de denunciar o pecado




"É perigoso calar a verdade sob o argumento de que ninguém é perfeito. A humildade em reconhecer a própria torpeza deve sempre conduzir ao arrependimento, e não ao cinismo, tampouco ao conformismo".


Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, clama o apóstolo Paulo em atitude revolucionária (Rm 12.2). Notem-se as palavras de ordem: não se conformar; transformar-se, renovar a mente.

O inconformismo é uma das marcas do cristianismo bíblico. O cristão é um inconformado por natureza. O cristão anda em revolta contra o sistema pecaminoso que impera no mundo. O cristão tem que ser indignado. Por isso, a Igreja sempre está em conflito com a sociedade, de um modo ou de outro. Quando um grupo cristão se conforma aos valores sociais do seu tempo, algo está muito errado. Uma dose de conflito sempre é necessária.

Não me refiro a conflito físico, mas a conflito moral e espiritual. As igrejas que estão muito afinadas com a sociedade estão mal diante de Deus, porque o Senhor não aprova os padrões deste mundo.

Por mais estranho que possa parecer, o legalismo evangélico aproxima as igrejas do mundo, em vez de afastar. Isso porque, sob a capa farisaica de uma santidade meramente exterior, cria-se uma cultura religiosa que não incomoda os poderes das trevas. Os não crentes vão nos tratar com um respeito indiferente, entendendo que somos mais um grupo social-religioso na grande teia pluralista dos agrupamentos sociais.

Não se conformar é não tomar a forma, o modelo do mundo. Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, moldando-nos do pó da terra. Iríamos nós, agora, nos desumanizar adotando uma forma diferente?

A segunda palavra de ordem é a da transformação pessoal. Eu preciso entender que posso mudar o mundo, e que a minha esperança juvenil não é loucura de um jovem sem maturidade. Poderei mudar o mundo na medida em que puder mudar a mim mesmo, pelo poder que há na Palavra de Deus, o poder do Espírito Santo, ofertado mediante a fé no sacrifício do SENHOR Jesus Cristo. Transformar a mim mesmo já é em si uma tarefa para um revolucionário!

A terceira e derradeira palavra de ordem é a da renovação da mente. Ora, Paulo tinha mesmo um conhecimento formidável, pois hoje o que se diz cientificamente é que o que o homem pensa de si mesmo irá determinar seu modo de vida, suas ações. Eis uma das contribuições da Psicologia. E, mais do que isso, precisamos entender que Paulo não era gnóstico, porque não é o conhecimento puro e simples que salva, mas o conhecimento de Cristo, o Único que pode resgatar o Ser Humano dos seus pecados.

Uso o texto de Rm 12.2 para combater o conformismo, a acomodação, a desesperança, o cinismo, a tolerância para com o pecado. Precisamos ser mais humildes, sim, precisamos nos arrepender dos nossos pecados, sim, e depois levantar a cabeça e denunciar os desmandos e desatinos de líderes que tomam a dianteira de rebanhos inteiros destinados à desnutrição espiritual ou, quem sabe, à morte.

Que jamais percamos a esperança. É ela que nos move adiante!



Por Alex Esteves
Fonte: Púlpito Cristão

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Qualquer semelhança com nossa "Igreja" não é mera coincidência


O outro deus e o outro universo


Imagine que, em vez de um, existissem dois deuses iguais em poder e majestade. Claro que isso só pode acontecer através de um conto. Então, prepare sua imaginação.

Dois deuses existiam. Contudo, eles não se encontravam, porque cada um tinha um reino, um universo próprio e governava segundo sua vontade soberana.

O primeiro amava a todos igualmente. Era santo, justo e verdadeiro. Por amar a todos, não fazia acepção de ninguém nem sonegava de um para dar ao outro. Desejava que todos aprendessem a amar e a compartilhar o que tinham. Ensinava o caminho da justiça por seu próprio exemplo. Sua proposta de vida para o mundo não era o sucesso, mas o significado; não a vitória, mas a igualdade.

O outro deus gostava de todos os que habitavam em seu universo, mas tinha compromisso apenas com aqueles que lhe eram devotos. A estes, oferecia uma vida de facilidades e lhes garantia livramento dos perigos próprios do existir. Assegurava que os devotos fossem recompensados por sua fidelidade.

Todavia, para garantir vida isenta aos devotos, esse outro deus tornou-se um ditador. Ora, isso é óbvio, uma vez que para existir proteção no meio de um perigo, faz-se necessária a coerção do agressor, isto é, a obstrução de seu livre arbítrio. Para que existam ganhadores, também devem existir perdedores. Um mundo constituído só de ganhadores é pura ficção.

Voltando para nossa estória, a questão é que, para garantir a promoção do devoto no emprego, aquele deus precisava barrar o progresso da carreira profissional do não devoto, mesmo que mais competente, de modo a impedir que ocupasse o cargo que, por justiça, deveria ser seu.

Com o passar do tempo, aquele deus tornou-se mestre em derrotar os inimigos daqueles que o amavam e continuava a lhes dar vitória. Mas seus devotos, insatisfeitos, pediam não apenas melhores empregos, mas também prosperidade. Assim, teve de empobrecer alguns para enriquecer os seus, garantindo-lhes uma vida como filhos do Rei. Sim, uns tinham que ser empobrecidos, porque é impossível mexer na história e na economia sem mexer no contexto e com as pessoas que deste fazem parte, uma vez que os recursos daquele universo eram os mesmos para todos. Inicialmente, todos tinham acesso aos bens da natureza, mas o excesso de recursos dados e esbanjados por uns foi proporcional à falta de recursos sentida por outros. Esse princípio era dos mais elementares na economia daquele mundo.

E assim, aquele outro deus tornou-se capitalista, garantindo a riqueza dos seus por meio do empobrecimento dos demais. Colocou os seus em uma redoma de vidro, enquanto o resto de seu mundo desabava em guerras, doenças e misérias.

O tempo passou e passou e passou. O universo do primeiro deus tornou-se justo como ele, feliz e amoroso como ele, um mundo à sua imagem e semelhança. Já o universo do outro deus tornou-se o retrato da injustiça social, da inveja, da cobiça, disputa e da miséria.

Em qual desses dois deuses você confiaria? Em qual desses dois mundos você preferiria viver?

Antes de encerrar, preciso dizer a verdade. Estes dois deuses, de fato, existem no conceito das pessoas. Só que um deles é falso. O primeiro chama-se Jesus. Puro e cheio de amor, veio viver nossa tragédia, para, através da compaixão, libertar nossas vidas e tornar o mundo justo. O outro deus recebe o nome que você quiser dar. Muitos até o chamam de Jesus – mas só como apelido. Todavia, ele não é o fruto do bendito ventre anunciado pelo anjo, mas o produto do ventre de nossa cobiça e do marketing ganancioso das religiões.

A pergunta permanece no ar. Qual dos dois você está servindo?

Por Domingos Alves, no Pavablog

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Momento de Rendição

Música do U2, original Moment of Surrender


Me amarrei com fios

Para os cavalos correrem livres

Brincando com fogo até que o fogo brincou comigo

A pedra era semi-preciosa

Nós estavamos semi-conscientes

Duas almas espertas demais para estar no reino da certeza

Mesmo no dia do nosso casamento



Nós nos colocamos em chamas

Ó Deus, não negue ela

Não é se eu acredito em amor

Mas se o amor acredita em mim

Oh, acredite em mim



No momento da rendição

Eu fiquei de joelhos

Não prestei atenção nos transeuntes

E eles não prestaram atenção em mim



Eu estive em todos os buracos negros

No altar da estrela negra

Meu corpo se tornou um recipiente de esmolas

Que esta implorando para voltar, implorando para voltar

Para o meu coração

Para o ritmo de minha alma

Para o ritmo da minha inconsciencia

Para o ritmo que se lembra

Para ser libertado do controle



Eu estava apertando os numeros de um caixa eletronico

Eu podia ver no reflexo

Uma face me encarando

No momento da rendição

De visão sobre visibilidade

Eu não prestei atenção nos transeuntes

E eles não prestaram atenção em mim



Eu estava correndo no metro

Pelas estações do cruzamento

Todos os olhos olhando para o outro lado

Contando para quando a dor iria parar



No momento da rendição

De visão sobre visibilidade

Eu não prestei atenção nos transeuntes

E eles não prestaram atenção em mim